Esterilizar chupetas e biberões - sim ou não?

A vontade de proteger os bebés de micróbios potencialmente perigosos é uma preocupação permanente dos pais que, apesar de ser claramente compreensível, é um pouco exagerada na maior parte das situações. A maioria dos microorganismos que nos rodeiam não nos faz mal e é importante esclarecer alguns aspectos para entender melhor esta afirmação.
O primeiro prende-se com o desenvolvimento do sistema imunitário dos bebés. No primeiro mês de vida as defesas ainda não estão completamente estabelecidas, pelo que faz sentido ter alguns cuidados particulares. Por esse motivo, não me parece descabido que se esterilize chupetas e biberões nessa altura, mesmo sabendo que se está a “pecar por excesso”. A partir dessa idade os bebés ficam cada vez mais “competentes”, pelo que as preocupações podem e devem ser cada vez menores.
O segundo aspecto tem a ver com as mudanças no comportamento. A partir dos 3 meses os bebés passam a explorar tudo com a boca (numa fase inicial as mãos e, posteriormente, tudo o que encontram). Isto quer dizer que andar a esterilizar chupetas e biberões passa a ser um contra-senso, quando os bebés apanham um brinquedo do chão e o colocam imediatamente na boca.

Por fim, convém esclarecer também que o contacto com os microorganismos é muito importante para o correcto desenvolvimento do sistema imunitário das crianças e que a falta dessa estimulação pode condicionar alterações no futuro. Ao longo de todo o intestino existem diferentes locais onde as partículas estranhas que se ingerem (incluindo os micróbios) vão contactando com o nosso sistema de defesa. É este contacto que vai fazer com que cada pessoa seja capaz de distinguir o que é “normal” e tolerável do que é “anormal” e potencialmente nocivo. Se esse processo não acontecer ou for ocorrendo em menor escala, o sistema imunitário não se desenvolve como deve e, actualmente, pensa-se até que isso possa ser responsável pelo aumento que se tem observado nas doenças alérgicas e auto-imunes.

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